27 outubro, 2013

momento de ontem


Há sete anos atrás (e confesso que tive de fazer as contas e voltar a repetir porque não acreditava que já seriam tantos!) andava no 4º ano da universidade. Nessa manhã entrava às 08h15 e começava o dia com Sociologia das Organizações dada por um professor, quase insuportável se não tivesse alguma coisa de genial. Se chegássemos às 08h16 não entrávamos na sala. Para mim, que não funciono bem pela manhã, era um tormento. Era o medo de adormecer. Era a correria pelo campus. Era a obsessão de olhar para o relógio. Tudo para cumprir com as 08h15. Mas estava eu a dizer, nessa manhã, há muito tempo atrás, tocaram à campainha muito cedo. Foi a minha colega de casa que atendeu e eu quase que podia jurar que seriam umas cinco da manhã ainda, mas não. Então ela disse-me com um sorriso: “Olha que é para ti”. Abro a porta da entrada, e como morava logo no 1º andar, vejo pelo corredor quatro babes – Raquel, Leninha, Catarina e Fernanda - cheias de tralha na mão todas frescas e ainda nem eram sete da manhã. Lembro-me de pensar que aquelas raparigas não estavam boas da cabeça, só podia; mas eu é que me tinha esquecido que era a manhã do meu aniversário. E lá vinham elas, todas “lampeiras”, como diria a babe Leninha, cheias de tabuleiros e sacos e isto e aquilo, com o pequeno-almoço para nós. Era sumo de laranja, eram torradas, era leite com café, era compota e outras coisas que não me lembro. Mas o queijo da vaca que ri é o que falámos todos os anos.

Já não temos pequenos-almoços assim, mas este já ninguém nos tira. Vamos tendo outros momentos em que falámos da vaca que ri, do robe à rico da Leninha ou do Ruca que deu cabo do sofá da sala sem ninguém saber. E tudo parece ter sido ontem, por isso é que tenho de fazer as contas (quase pelos dedos) e voltar a repetir.
 
E chegar aos 29 anos é este momento de ontem que me apetece partilhar.

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