29 setembro, 2013

voltar às histórias

Não tenho andado em leituras, por isso, não tenho falado sobre livros. Na verdade, Agosto e Setembro foram inundados de leituras sobre competências (para a santa da tese, pois claro), mas duvido que queiram ler sobre isso.

Esta semana voltei às histórias. Da estante "lista de espera" escolhi a máquina de fazer espanhóis do Valter Hugo Mãe. Sim, eu sei que ele ainda agora lançou um livro e que deveria ser esse que devia estar a ler. Acontece que ainda não o comprei, apesar de ter muita, muita vontade, pelo tanto que já li dos críticos e pelo próprio, em entrevistas. Gosto cada vez mais do seu palavrar.

E por falar no Valter Hugo Mãe:

Na semana passada estava no aeroporto de Guarulhos em S. Paulo pronta para o regresso. A hora de embarque chegava e eu lá estava sentada, entre um café de loja de aeroporto e os olhos a vaguear ao meu redor, a observar pessoas - é coisa que gosto de fazer para encontrar novas histórias. A senhora ao meu lado, portuguesa e com a filha lá no Brasil, impaciente esperava e reclamava do atraso e eu ouvia-a com sorrisos cúmplices. E, no entretanto, passa à minha frente o Valter Hugo Mãe. Eu sabia que naquela semana ele tinha estado em S. Paulo na Pauliceia Literária 2013. Pensei se iria no mesmo voo que eu; mas claro que vai! Se não o que é que ele estaria ali a fazer? Às vezes, até nos esquecemos que algumas pessoas que escrevem, que cantam, que actuam, que pintam, que falam (aquelas pessoas fixes, portanto) também andam de avião no meio dos comuns mortais. Depois cruzei-me com ele na imensa fila e tive vontade de lhe falar; mas sou uma miúda que não sabe fazer essas coisas.

Sobre o livro:
Em outubro dou notícias. É um bom livro para se ler no outono.

16 setembro, 2013

vem aí a tese # 5


Fazer um doutoramento não é fácil (embora hajam pessoas que pensem que sim) e eu ampliei esta condição. De vez em quando dá-me para tremer o queixo com os meus cinco minutos de pânico. O processo é mais ou menos assim:

O meu projeto de doutoramento é ambicioso. Ouvi isto muitas vezes. Eu sabia que era, ou melhor, era assim que eu queria que fosse. Tenho três grandes dimensões que se relacionam de tal forma que tudo tem de ser integrado se não, não valeria a pena inclui-las a todas. X com Y; Y com Z; Z com X; e X com Y e com Z. Deu para entender? Huuum, se calhar não mas é que é mesmo isso que acontece. E depois ainda temos os participantes no estudo. Podia ficar-me só com os alunos, ou só com os professores, ou só com os profissionais. Mas não, quis todos, todos, todos. Agora que mergulho nos dados, que sonho com os dados, que respiro os dados, pergunto-me: ”no que é que te meteste, miúda?”. 

Pode dizer-se que os dados é coisa do demónio. Mexem com tudo o que já parecia estar certo. A estrutura da tese estava linda maravilhosa. Mas isto era o que pensava até mergulhar, sonhar e respirar os dados. Mudei a estrutura da tese pela enésima vez, esperando que seja a última.

Vou pensando com as mãos e com o papel e com os post its (já disse que não sei estar sem post its?) e tudo vai ganhando forma dentro da minha cabeça. E é aí que a preocupação também ganha forma: E se não conseguir escrever toda esta clareza que habita na minha cabeça? E se não consigo entregar a tese? E se não for aprovada? E se …

E, de quando em quando, são assim os meus cinco minutos em que tremo o queixo de pânico.