31 agosto, 2012

ainda sobre livros

(porque é sobre a única coisa que me apetece escrever neste momento) ... 




Foram quatro os livros que li no mês oito do ano. Antes de dormir, nas esperas dos aeroportos, no avião... e esta semana foram dois, assim sorvidos de uma vez só.

Agosto começou com "Os Malaquias", como escrevi no meu post anterior.

O segundo, "Uma Questão de Atracção", do David Nicholls. Gostei mais do "Um Dia" sobre o qual também já falei aqui. Mas "Uma Questão de Atracção" (ou "A Resposta Certa" como traduzem lá no Brasil) vale a pena por ser divertido. Conta a história de um rapaz que acaba de entrar para a universidade. A sua expetativa é que a sua vida vai começar precisamente a partir desse momento. Os azares, os desamores, as desenventuras, tornam o livro assim... divertido.


O terceiro, "Estorvo", do Chico Buarque. Comprei-o no Brasil e li-o quase sem conseguir parar. É um livro feito de pormenores e eu adoro isso. Tenho a certeza que se voltar a ler, vou encontrar mais uns tantos. Por exemplo: nenhuma personagem tem nome. Não é espetacular? Estorvo, porque conta a história de um homem (na verdade é contada por ele, na primeira pessoa) sem rumo, sem objetivos e com a certeza que alguém o persegue. Como dizem no Brasil, só encrencas a acontecer e arrasta consigo todas as pessoas à volta - a ex mulher, a irmã, e afins. É o retrato de uma pessoa-estorvo. E saber que há tantas por aí e nunca pensei na palavra estorvo...


O quarto, "Norwegian Wood", do Murakami. Comprei este livro há uns meses na Fnac por uma pechicha. Não estava muito entusiasmada para o ler, porque achei o título estranho... e havia tantos outros dele para ler, com títulos mais catitas. Depois de começar a ler senti-me envergonhada com este meu pensamento. "Norwegian Wood" é uma música dos Beatles, a preferida de uma das personagens da história e vai aparecendo, duas, três vezes, ao longo das 35o páginas. É uma história bem intensa, ao jeito do Murakami. Acabei ontem e fiquei a pensar ... não há um único livro de que não gosto deste senhor.


Agora que o mês nove vem aí, tenho para ler Clarice Lispector, Agustina, mais Murakami ... e se calhar outros que me vão caindo nas mãos.

12 agosto, 2012

aquele que queria ter sido eu a escrever


Foi no final do ano passado que ouvi falar da Andréa del Fuego. Ganhou o prémio Saramago em 2011 e é brasileira. Li uma entrevista dela na Atual do Expresso e foi o bastante para "Os Malaquias" entrar para a minha lista de livros ... aqueles que temos mesmo de ler. No final de Fevereiro estava no Brasil e ia percorrendo tudo o que era livrarias para comprar e nada. Entretanto,  inundei-me com outros da lista sem esquecer este, até que em Portugal o encontro em destaque numa estante da Fnac.Contive-me e decidi que o iria comprar no Brasil para ser muito mais catita.

Ainda assim não foi fácil encontrá-lo por cá. Mas valeu a pena. Não só pela história, mas também pelo design de todo o livro, desde a capa à contra capa (com palavras do José Luis Peixoto), às páginas amarelas e outras tantas pretas. Quanto à história ... foi devorada em um terço de tempo. Tem cheiro a Brasil; aparecem as jabuticabas no jardim, o café por apanhar na quinta e mulher escrita como só aqui se diz, muié. De quando em quando, encontram-se pormenores simples mas que preenchem toda a história. É aí que eu penso: "Queria ter sido eu a escrever este livro".

Seria merecido uma visibilidade maior deste livro no Brasil. Encontrei-o na terceira tentativa, numa das maiores livrarias de São Paulo. Não o encontrei na estante dos autores nacionais. Fui perguntar ao moço; ele vê no sistema e foi buscar no fundo da estante... no fundo da estante, era onde estava este livro, aquele que queria ter sido eu a escrever.