"O teu rosto será o último" é um livro mais denso do que parece. Pelo menos assim o senti. O Celestino é assassinado. O Índio aparece morto. O Policarpo, o das cartas, morre. O avô morre já depois de meses de dormência. A mãe morre. Antes disso, conta-lhe que o outro avô (seu pai) é morto por causa da política e a avô foi atropelada por um eléctrico. Onze dias depois da morte da mãe, o pai mata-se. Fica o Duarte e uma história incompleta.
Quando acabei o livro fiquei inquieta também com o título (logo eu, que tenho sempre problemas com títulos). O que é que tem a ver com a história? Procurei na internet entrevistas do autor, na tentativa de obter uma resposta para esta pergunta. Resume-se a sonhos. Segundo o autor, esta frase "o teu rosto será o último" apareceu-lhe em sonhos e assim ficou, assim decidiu. Demorei-me a pensar no assunto. Para mim tinha de haver um sentido maior. E esta noite, numa insónia, como há muito não tinha, encontrei a resposta: o último rosto é o do Duarte. Porque é quem fica na história e quem a continua.
Para quem pensa que este é um romance igual a tantos outros, desengane-se. É complexo e denso. E o João Ricardo Pedro soube dar ainda uma simplicidade à escrita. Nas descrições (as compras do supermercado), nas repetições (Laura, Laura, Laura) e noutras coisas que acabam por surpreender quem lê este livro com título escolhido nos sonhos.
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