Há muito muito tempo atrás, um conjunto de pessoas descontentes, teve a força e a coragem para deitar abaixo uma monarquia e mudar um país inteiro. Acreditavam que Portugal poderia ser mais e com razão. Hoje comemora-se a Implantação da República e pela última vez será um feriado nacional.
Fiquei a pensar...
Depois da República, depois da Ditadura e depois de todos outros momentos na nossa história chegamos a um país com auto-estradas, com caminhos-de-ferro, com estradas antigas conservadas, com mar a inundar parte do "rectângulo", com escolas, com universidades, com fábricas, com hóteis, com restaurantes, com museus, com quintas onde ainda se vindima, com escritórios em prédios quase altos, com castanheiros, com oliveiras e outras árvores que não sei o nome, com lugares em que somos nós a pôr a gasolina no carro, com cafés gourmet, salas de chá ou até mesmo tascas, com internet em cada canto e em movimento, com vinhos e muitos premiados, com cidades culturais, cidades com metro, cidades com neve, cidades desertas. E todas estas cidades livres. Sim, somos um país livre.
Mas, e as pessoas deste país? Têm força e coragem?
Ouvir falar, vale a pena o António Nóvoa e atrevo-me a dizer "só".
Fazer, há que reconhecer que, e ousando utilizar uma expressão bem popular (eufemismo para calão), "é preciso ter tomates" para fazer as malas e ir, ir para fora daqui. Contudo, reconheço que quem fica tem ainda mais coragem. Apesar de ver as pessoas cansadas, algumas angustiadas, muitas não deixam de dizer "Bom dia". Fala-se da austeridade, do Gaspar, do Passos e dos outros compinchas e começam os palavrões em formato de desabafo. Até a mim me saem, numa expressão de esperança morta. As pessoas aguentam-se estoicamente, fazendo contas, preparando, suando. As pessoas reclamam, fazem greve, manifestam-se. Mas as pessoas até riem quando hoje viram a bandeira ao contrário.
Haja bom humor, paciência, coragem e liberdade.
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