04 janeiro, 2011

Conversas da alma # 8

Babe do meu coração,*

Há três anos atrás escreveste-me uma coisa que me caiu que nem uma luva. De vez em quando lembro-me e volta a cair-me que nem uma luva.

"Amélie não tem ossos de vidro. Ela pode levar pancada da vida"
Jean Pierre Jeune


Não tem a Amélie. Eu também não tenho. Tu também não. (mas já tivemos um cabelo igual ao dela!)
A verdade é que levamos pancada de todos os lados, que nos fazem sentir que perdemos muita coisa. Já não apetece ler um livro até de madrugada. Já não apetece escrever. Já não apetece conversar com as pessoas. Já não apetece pintar. Já não apetece caminhar pela rua fora. Já não apetece ver filmes. Já não apetece ouvir. Já não apetece planear o que quer que seja. Já não apetece acreditar. Já não apetece fazer as coisas que gostamos de fazer. Porquê? Porque isto exige muito de nós. Exige tanto e nós estamos sem forças. E é mais fácil não apetecer. Até que chega ao momento em que nos apercebemos que a pancada já não dói. Estamos completamente anestesiadas. Já não sentimos nada. E nós somos pessoas de sentir. Então, queremos voltar a sentir. Custa, custa muito, porque é mais fácil não apetecer. Mas depois começamos a ver a "eterna novidade" (como estou sempre a dizer, ao pegar nas palavras do Pessoa) que está nas mais pequenas coisas. E isto apaixona-nos. Cativa-nos. Mais ninguém nos tira (também costumo dizer isto e não são palavras do Pessoa, mas bem que poderiam ser).

Agora Babe, só tens de olhar para trás para tirares o lado positivo da coisa (estas são mesmo palavras minhas!). Olha para trás sem medo. E para a frente sem medo. E para a direita. E para a esquerda. Vais voltar a levar pancada da vida, mas vais estar mais forte.

E eu vou estar contigo, com toda a certeza que existe neste mundo e nos outros mundos todos. Assim como sei que vais estar comigo, com toda a certeza que existe neste mundo e nos outros mundos todos.

Tenho muito orgulho em ti, babe. Tenho mesmo. Mas mais do que isso, tenho muito orgulho em nós, por estarmos juntas depois do curso acabar. Sim, é uma boca para ti! Dizias sempre que nunca mais nos íamos falar porque iria cada uma à sua vida. Eu dizia, com os nervos em franja, que seríamos aquilo que nós quiséssemos. E olha para nós! A viajar pelo mundo, a trocar presentes de aniversário, a beber chá em Serralves, a contar histórias aos pequeninos, a trabalhar juntas, a ir a concertos e a casamentos, a comer sushi como se o mundo fosse acabar .... Estou orgulhosa de nós, por sermos aquilo que queremos ser.

Cucurrrrruuuuuu ....
isto vai dar-me gargalhadas para sempre.


* é para a R. mas bem serve para todas as minhas babes do coração, para a minha irmã e para a cor preferida.

3 comentários:

Oh, Mrs. Dalloway! disse...

Buáaaaa Isto não se faz...estou aqui no trabalho a conter as lágrimas!!! É que nem tenho palavras para as tua palavras munitas!!!

Apenas ..."No secreto murmurar de cada instante colhi a absolvição de toda a mágoa" Sophia

E tu foste, sem dúvida, um secreto murmurar de cada instante :)Ouviste, atentamente, cada silêncio meu!

Cucurruuuuuu, minha habibi do coração :)

Dianinha disse...

Bem tu dizes que estamos a começar o ano muito lamechas ;)

Cucurrrruuuuuu, minha babe do coração *

Unknown disse...

Mana: neste novo ano tás a entrar em FORÇA!!! Continua...é uma das formas que consigo "entrar" verdadeiramente em ti!!Bjinhos Xarabaneca ;-)