24 abril, 2013

todos os dias

Na véspera do Dia da Liberdade - que é, ou deveria ser, todos os dias - escrevo sobre o que há muito falo entre conversas: o nosso país, as pessoas, as universidades.

Há uns anos que toda a gente se queixa (mais!), se manifesta (mais!), se indigna e se revolta (mais!). Todos fomos e somos afectados pela crise que não é só no nosso país, é global. Uns têm inteligência para reagir, outros não. O governo português não soube fazê-lo e continua sem saber fazê-lo. Hoje de manhã ouvia na televisão alguém dizer (não me lembro quem): uma estratégia de 80 páginas não é uma estratégia. Pois. Ninguém a vai ler, ninguém a vai compreender. Falta pragmatismo. Falta simplicidade. Falta alguém que o consiga. Os que temos enrolam os discursos e os outros falam de narrativas, mas todos usam palavras complexas e sem esperança. A minha esperança está morta. O país não tem ninguém que me faça acreditar e isso preocupa-me. Vejo os senhores de fatos e de gravata, quando deviam estar de mangas arregaçadas!

O país está fechado. Quando li estas palavras do Antóno Nóvoa senti que é isto mesmo. O país está fechado na forma de pensar e de ser. Nas universidades está tudo bloqueado: não há financiamento para projetos, vemos alunos a desistirem porque não podem pagar propinas, bolseiros como eu (que por si já pressupõe uma condição precária) agora recebemos menos 750 euros por ano. Sim, todos temos que fazer sacríficos. Mas chega a um ponto em que é isto:


[algures no metro em Lisboa]

Sacrifícios o caralho! *
Pedem-nos mais com menos. Exigem mas não reconhecem, nem elogiam. O que vem de fora continua a ser melhor e, por isso, continuamos a gastar dinheiro com isso. Depois vemos é as nossas pessoas a partir, de malas feitas e com bilhete só de ida. Pergunto-me se voltam. Pergunto-me se algum dia também eu terei de ir. Pergunto-me quando é que vai aparecer aquele alguém de mangas arregaçadas e me faça acreditar neste país. E pergunto-me sobre isto todos os dias. 


* momento histórico: eu não gosto de palavrões e o meu blogue agora tem um. 

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