19 janeiro, 2010

Conversas da alma # 6

Há dois anos atrás, ainda não tinha acabado o estágio, quando o R. me chamou ao gabinete e me falou na ideia de fazer o doutoramento. Lembro-me de ter ficado surpreendida com ideia. Em primeiro lugar porque ainda faltavam uns meses para acabar o estágio. E em segundo lugar porque doutoramento exige muitos miolos e dos bons e conhecendo os meus como conheço... pufff!

A verdade é que aquela conversa mudou a minha vida porque finalmente consegui perceber o que queria fazer a longo prazo. Foi uma espécie de insight (adoro usar esta palavra cheia de nível e agora caiu tão bem) que trouxe a certeza de que seria capaz de fazer um doutoramento. Porquê? Porque percebi que fazer investigação é onde me sinto bem, é o que gosto de fazer. Não é um trabalho das 9h às 17h, muitas vezes tenho mesmo de fazer serões, já fiquei sem muitos fins-de-semana, já tive de trabalhar um Verão inteiro. Mas aquela sensação de "vale a pena!" está sempre presente e não há melhor sensação do que essa. Os meus dias são como uma "eterna novidade", como diria o Fernando Pessoa, porque aprendo sempre qualquer coisa nova.
O mais difícil foi saber e sentir isto em mim. Depois foi racionalizar tudo (para funcionar preciso de racionalizar - é este o meu slogan) para tentar ver o que fazer, como fazer, quando fazer, com quem fazer.

Durante um ano e meio participei em dois projectos europeus e um nacional, estive na organização de duas conferências internacionais, fiz a tradução de um artigo para publicação, escrevi sete artigos científicos, dei mais de 350 horas de formação. Um excesso que eu sentia que valeria a pena. Em Outubro soube que valeu. Consegui a bolsa de doutoramento com 4,67 numa escala de 0 a 5. Desisti do mestrado em que me tinha inscrito porque tinha conseguido o mais difícil. Pois ... isto foi o que eu pensei ... até me terem cortado as asas com uma decisão institucional que está há dois meses a tentar ser resolvida.

Por que é que hoje falo nisto? Porque perdi a oportunidade de ir para o Brasil 6 meses precisamente por ter este problema que está há dois meses a tentar ser resolvido. E sinto-me frustrada, saturada, doente, cansada e triste. Incrivelmente triste. Esta notícia funcionou como um estalo na cara que me acordou para a possibilidade de as coisas não acabarem bem - sim, porque eu sou uma miúda optimista - e que me faz pensar se tudo isto vale MESMO a pena.
Por isso é que estou triste. Incrivelmente triste.

6 comentários:

Lady Me disse...

Oh querida! De certeza que tudo isso vai valer a pena... Depois da tempestade vem a bonança e de certeza que tudo se vai resolver! Força!

Hanokh disse...

Babe, não desistas!Eu sei que vais conseguir!Tu és numa pessoa perseverante e lutadora!Já sabias que o caminho ia ser tortuoso!

Eu ainda tenho para mim que vou ter uma amiga investigadora e doutora! :D :D vais ver!

Quanto ao Brasil, não faltarão oportunidades pela vida fora!

Um beijinho muuuiiiiiitttttooooo grande e um xi (como diria a Nanda) muito apertadinho!

Liliana Silva disse...

ai babe, acabei de ler isto e só me apetecia dar-te um beijinho... na alma, para amenizar a tristeza.

Que estupidez... a vida às vezes é ingrata, pequenas decisões condicionam grandes percursos e anulam-nos temporariamente o sorriso. Mas como tu própria dizes, és uma miúda optimista e eu tenho a certeza que tudo vai melhorar. A sorte e a felicidade perseguem sempre os bons e os audazes... Haverão outras oportunidades de ir ao Brasil, estou certa disso!

Beijo enorme

Oh, Mrs. Dalloway! disse...

Vale sempre a pena, babe :)

Varandas disse...

Esses gajos são é todos uns animais, uns atrasados mentais que não têm mais que fazer senão chatear a cabeça às pessoas. Quem? Sei lá. Eles. Manda-os passear. Vais-te safar, claro. Be pacient.

Tenho a certeza.

Dianinha disse...

Meus fofos,

Obrigada. De coração.

:)