25 abril, 2011

Ponto Final.

Tenho uma paixão pelas palavras que não consigo medir.

Desde o tempo da Dianinha Pequenina que as palavras fazem parte de mim. As letras que dão a mão umas às outras, criando palavras e as palavras que cochicham umas com as outras, criando frases. Foi assim que descobri onde reside a magia do mundo: nas palavras.

Sempre escrevi muito. Em cadernos, em folhas soltas... porque acho que não há nada como escrever à mão. No tempo da Dianinha Pequenina ainda escrevia nas paredes de casa, para desespero da minha mãe (e também fazia desenhos nos parapeitos de madeira da janela). Neste mesmo tempo sonhava em ser escritora. Custava imaginar-me "adulta", por isso, se o tivesse de ser que fosse para fazer uma coisa fixe... e haveria coisa mais fixe do que poder escrever?

Fui escrevendo e vou escrevendo. Muito para mim e à minha maneira. É como a pontuação. Muito à minha maneira porque prefiro reticências a pontos finais. Não gosto de histórias acabadas e definitivas. Lembrei-me desta minha bimbice porque, um dia destes, estava a ler um artigo em que vários escritores portugueses falavam da sua "Anatomia da Escrita", ou seja, falavam dos seus rituais para escrever. O José Luís Peixoto, de quem gosto particularmente, não descreveu nenhum ritual por serem demasiado pessoais para partilhar. Então falou de outras coisas ...

"(...) o ponto final é um momento inesquecível. Recordo-me de onde estava, como estava no momento de cada ponto final dos textos mais marcantes que escrevi. A minha própria vida é pontuada por esses pontos finais."


Depois de ler isto quase que me apeteceu gostar de pontos finais.
Prefiro reticências (...) que acabam por ser três pontos finais ...
E, às vezes quatro, quando me apetece acrescentar mais outro ponto .... que (não) é final.

Sem comentários: