
O Mia Couto regressa como um "Tradutor de Chuvas", que constrói versos como só ele sabe.
"A minha tristeza
não é a do lavrador sem terra.
A minha tristeza
é a do astrónomo cego."
O senhor que escreveu uma nota sobre o livro na Actual do Expresso desta semana deu-lhe duas estrelas (safado!). Eu, mesmo sem ler, dava cinco. "Quem é que ainda tem paciência para a sonholenta janela"?, escreve o safado. Pois tenho eu! E hei-de ter sempre paciência para o Mia Couto. São palavras inventadas como só ele sabe. E mesmo que sejam inventadas de forma repetida, são inventadas de uma forma repetidamente inédita. Só quem não sabe costurar estórias e sonhos é que pode não ter paciência para descobrir que as coisas repetidas podem ser também uma novidade. O Mia Couto põe a novidade nas imagens mais simples. Nas terras e nas gentes. Nos diálogos e nos pensamentos. Nas personagens e nas tradições. E sempre como só ele sabe.
Tenho os meus livros todos com a assinatura do Mia Couto, com a data, com um beijo ou um abraço. Em todos esses momentos, numa das minhas livrarias preferidas, ouço-o sempre contar a estória do livro que está a lançar. E faz de um modo como só ele sabe.
E é como só ele sabe porque é o Mia Couto.
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